A menos que haja uma improvável reviravolta e os grupos resolvam se juntar, a Oposição marchará para as urnas dividida em três frentes no que diz respeito à sucessão para o Governo do Estado. Faltando pouco mais de dez meses para as eleições, não há sinais de que o senador Roberto Rocha (saindo do PSDB), o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) e o prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim tenham sequer aberto canais de comunicação para conversar a sério sobre o assunto. Em princípio, tudo indica que os três candidatos oposicionistas tentarão seguir seus próprios caminhos no 1º turno, para uma possível união de forças no 2º, caso a eleição não seja decidida em turno único. O problema é que, dos três pré-candidatos a governador assumidos, o mais destacado, senador Roberto Rocha, não parece interessado em decidir logo o seu rumo, e os outros dois, Josimar de Maranhãozinho e Lahesio Bonfim, enfrentam problemas graves, um no campo pessoal, e o outro na seara política.
Ainda no PSDB, mas aparentemente sem nenhuma condição de nele permanecer, já que o controle da legenda no Maranhão está com o vice-governador Carlos Brandão, o senador Roberto Rocha tende a ingressar no PSL, seguindo o presidente Jair Bolsonaro. Só que o PL é controlado com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que é pré-candidato declarado ao Governo do Estado. Há que garanta que os dois estão conversando para ajustar os ponteiros no sentido de como o papel de cada um na corrida eleitoral. Qualquer que seja o entendimento entre os dois, se de fato houver, a Oposição eliminará um candidato a governador, já que ambos não poderão disputar o mesmo mandato, o que leva a crer que o caminho será a composição de uma chapa com um disputando o Governo e outro o Senado.
Sem revelar até agora se será candidato ao Governo ou tentará se reeleger para o Senado, o senador Roberto Rocha faz uma pré-campanha de natureza eminentemente técnica, defendendo uma mudança na estrutura fiscal e tributária do Brasil, reflexo da sua condição de relator da Reforma Tributária no Senado, que, por um pacote de motivos os mais diversos, não ata nem desata. Sua ação é o seminário “Descomplica!”, no qual defende mudanças fiscais e promete “menos impostos e mais empregos”, e que já realizou em Imperatriz, Balsas, Caxias e São Luís, reunindo empresários, curiosos e apoiadores. Além disso, alimenta seu espaço na política maranhense conversando com aliados e trocando farpas cortantes e ácidas eventuais com políticos governistas de proa, como o presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, e até mesmo com o governador Flávio Dino (PCdoB). É improvável que anuncie seu rumo ainda neste ano.
Seu iminente colega de partido e provável companheiro de chapa, Josimar de Maranhãozinho, vive um momento infernal, com a Polícia Federal no seu encalço por ordem da Justiça, investigando a suspeita de o parlamentar é o cabeça de um amplo e milionário esquema de corrupção por meio de desvio de dinheiro de emendas parlamentares. Josimar de Maranhãozinho nega enfaticamente envolvimento na falcatrua, mas imagens e conversas gravadas pela PF estão minando fortemente a sua imagem e a sua base políticas. O parlamentar tem dito e repetido que é vítima de perseguição e que sua pré-candidatura está mantida. Há quem avalie que seu futuro depende de um posicionamento de Roberto Rocha.
Se por um lado vem surpreendendo pelo desempenho nas pesquisas de opinião, tendo alcançado 8% de intenções de voto em uma delas, o prefeito Lahesio Bonfim não tem sido bem-sucedido no campo partidário. Ele deixou o PSL e apostou alto que sua filiação ao PTB lhe daria também o comando do partido no Maranhão, o que aumentaria expressivamente o seu cacife político. Tropeçou feio, porque chegou a se anunciar como presidente do partido, mas foi duramente desautorizado pelo comando nacional petebista, que confirmou a deputada estadual “terrivelmente evangélica” Mical Damasceno no comando da agremiação trabalhista no Maranhão. Rumores sugerem que sua candidatura corre riscos.
Vele, portanto, repetir que, a menos que haja uma reviravolta, a Oposição caminha para as urnas mergulhada em problemas.