Daqui a exatamente 11 meses, o governador Flávio Dino (PCdoB) renunciará a oito meses que lhe restarão no Governo para se candidatar à cadeira a ser aberta no Senado com o fim do mandato do senador Roberto Rocha (sem partido), passando o comando do Estado ao vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Até lá, deve cumprir roteiro intenso nos campos administrativo e político, preparando a transferência do Governo ao sucessor, articulando a escolha do candidato à sua sucessão dentro da aliança partidária que lidera, e trabalhando duro para fortalecer a Oposição na corrida presidencial, podendo até mesmo, numa hipótese remota, vir a participar dessa disputa. Dos três pontos, o mais complicado é, sem sombra de dúvida, a montagem da equação para a sua própria sucessão, que já está em andamento com as pré-candidaturas do vice-governador Carlos Brandão, que não esconde seu objetivo, e do senador Weverton Rocha (PDT), candidato a candidato assumido e em franco movimento.
Todos os sinais emitidos até agora indicam que o governador tem preferência pelo projeto de candidatura do vice-governador, e por razões óbvias: trata-se de um aliado fiel, colaborador dedicado do Governo, representante sóbrio e emissário correto, que até aqui não cometeu qualquer deslize pessoal e político. Mesmo com essa inclinação, o governador não descarta avalizar a candidatura do senador, que considera válida, importante e dentro do contexto, se dispondo a apoiá-la sem problemas, se for o caso. Seu trabalho político, no entanto, está focado na escolha do nome que reúna as melhores condições para liderar a grande aliança em direção às urnas. Mesmo considerando as tendências que estão sendo delineadas, a definição virá com as conversas que travará com as lideranças partidárias da base, a partir de Julho, pretendendo chegar a Dezembro com a equação resolvida na forma de uma chapa consensuada na mesa de negociações.
No campo partidário, o senador Weverton Rocha vem levando a melhor, pelo menos por enquanto. Até o momento conta com o apoio declarado do PSL, do Republicanos e do PSB. No caso do PSB, o apoio foi declarado pelo presidente do partido, Luciano Leitoa, mas o presidente do PSB em São Luís, o deputado federal Bira do Pindaré, se mantém em silêncio, numa indicação de que tende a seguir o governador Flávio Dino, como fez no segundo turno da eleição em São Luís. E no caso do Republicanos, pelo menos metade dos 25 prefeitos eleitos pelo partido já teriam declarado apoio a Carlos Brandão, ainda que permanecendo no partido. O senador também ganhou força política com a declaração de apoio da senadora Eliziane Gama (Cidadania), mas aposta alto na força partidária para consolidar sua candidatura.
Por seu turno, ainda sem uma estrutura partidária forte, o vice-governador Carlos Brandão aposta alto na articulação política, jogo que conhece como poucos devido à rica experiência que viveu como chefe da Casa Civil do Governo José Reinaldo Tavares. No início da semana, articulou o reatamento do ex-governador José Reinaldo com o governador Flávio Dino, que o indicou para a diretoria de Relações Institucionais da Emapa, um cargo adequado ao status do antigo aliado. E três dias depois, Carlos Brandão articulou uma conversa do governador Flávio Dino com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, líder do PL, e com ex-deputado federal Júnior Marreca, cujo filho, deputado federal Júnior Marreca Filho, controla o Patriotas no Maranhão. Ao deixarem o Palácio dos Leões, causaram a impressão de que podem vir a apoiar o vice-governador, ainda que o chefe do PL tenha mantido de pé sua candidatura ao Governo.
O fato é que até aqui o jogo permanece equilibrado entre o senador Weverton Rocha, que tem uma megaestrutura trabalhando diuturnamente a seu favor, e o vice-governador Carlos Brandão, que só conta até aqui com a força da articulação política e com a perspectiva de daqui a 11 meses ocupará o Palácio dos Leões como governador titular, condição com que disputará o Governo do Estado. É nesse meio de campo que o governador Flávio Dino jogará nos próximos meses em busca de um entendimento que junte as duas forças.