O registro da visita do presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Othelino Neto, ao ex-presidente José Sarney será daqueles momentos no futuro que determinam a separação entre eras. O sorriso efusivo que fugiu da máscara alimentado pela felicidade de estar ao lado de José Sarney diz muito sobre o momento que passamos. A importância política, cultural e social começa a romper até a convicção de seus mais pretensiosos críticos.
O encontro produziu uma foto em suas redes sociais em tom de tietagem. Othelino seguiu o exemplo de Flávio Dino que, meses atrás, procurou José Sarney para falar em democracia.
No dia 11 de agosto o ex-presidente foi condecorado com a máxima honraria da Assembleia Legislativa, a Medalha do Mérito Legislativo “Manuel Beckman”. Aprovada por unanimidade em uma casa dominada por uma corrente política que se apresenta como antisarney.
Ironia que apenas aos 91 anos e após uma vida de glórias e feitos, Sarney seja considerado digno de tal honraria em sua terra natal. E mais irônico ainda é que antes da Manuel Beckman, Sarney já acumule uma série de honrarias de caráter mundial como a Grã-Cruz da Ordem Nacional da Legião de Honra de França.
E o que explica a repulsa que o ex-presidente causou até tempos atrás? Época em que políticos como o deputado estadual Othelino Neto sequer cogitavam visitas?
Sarney foi vítima de uma das maiores campanhas de assassinato de reputação que se teve na história desse país. Foi alvo preferencial de Lula, Flávio Dino e do próprio Othelino. No fim da vida, como prova de sua sagacidade, tem as paredes pichadas de sua história limpas pelos pichadores. Limpas por Lula, Flávio Dino, Othelino e tantos outros que a sujaram.
Aos poucos o ex-presidente vai deixando de ser “um velho oligarca” e vai se transformando em estadista, grande pessoa, grande líder.
Não, não mudou Sarney. Sua essência é a mesma. Será a mesma pelos próximos séculos. E será lembrado por séculos porque se trata do maior maranhense que já viveu sob qualquer aspecto.
Do ponto de vista político, Sarney ocupa o cargo de mais sábio e arguto articulador vivo. Ser ex-presidente é um detalhe dentro da vastidão de sua influência política.
Do ponto de vista intelectual, possui uma obra literária vasta e de profundidade indiscutível e valor indubitável. São poucos os homens e mulheres que conseguem ser interlocutores ao invés de ouvintes.
Do ponto familiar, José Sarney sustenta um casamento amoroso de 69 anos núcleo de uma estrutura familiar admirável. E, tenho cá com meus botões, de que esse é seu maior tesouro.
Com essas três riquezas, todo o resto é perfumaria.
A reverência de Othelino é apenas mais um tijolo na coluna das lamentações que os (ex)críticos de José Sarney erguem nos últimos anos. Mais um tijolo em mais uma coluna entre milhares de colunas que sustentam a cidadela de uma história espetacular.
Os pequenos estão sendo os últimos a perceber sua grandeza. Antes tarde…
Linhares Jr